quinta-feira, 10 de maio de 2012

FELIZ DIA DAS MÃES!!!

Falo como filha que fui... rebelde, a caçula das mulheres, uma pequena rebeldia sem causa, como é típico da adolescência de uma maneira geral...o tempo passou, a adolescência se transformou em amadurecimento repentino, quase forçado, porém, necessário e certo para a ocasião... me tornava ali, uma Mãe... e somente a partir daquele momento, comecei a entender o que realmente significa ser responsável por outra pessoa... Ser mãe me fez entender que palavras nem sempre conseguem expressar como as coisas realmente são e significam... explicar o que é ser MÃE, é algo único e ao mesmo tempo tão cúmplice com todas as descrições diferentes que qualquer mãe possa dar... Como filha, errei e tentei me redimir dos meus erros com minha mãe...acho que foi o suficiente para fazê-la entender que apesar de toda rebeldia, meu amor de filha sempre foi maior e minha admiração, ainda persistirá por toda minha vida... No momento em que me tornei mãe, descobri que não há um dicionário, não há regras específicas, não há manuais suficientes para cada situação... e cada situação é única na forma de vivenciá-las, assim como é também unânime nas histórias de mães... dualidade de significados? É, ser Mãe é isso... complicado e simples... temeroso e admirável... tenso e tranqüilo... surpreendente e inconstante... uma mistura de sentimentos, tudo junto e misturado e tudo muito intenso, com certeza! Ao me tornar mãe, passei a refletir muito mais o papel que minha Mãe sempre representou e desempenhou com tanta força, resignação e determinação... a figura daquela mulher, sempre tão solícita com todos, sem tempo pra si e que estava o tempo todo querendo agradar e ajudar às pessoas a sua volta, me levaram a entender o quanto o significado de Mãe se tornou a pessoa dela... ela não teve outra função maior do que essa... e fiquei me recordando de suas histórias, das lutas árduas em um casamento tão confuso de amor e ódio, de tantos sonhos guardados a sete chaves que imagino eu não tenha ideia de quantos ficaram somente em sua memória... e hoje, como não poderia ser diferente, fico pensando no quanto sou grata à ela por me mostrar que apesar de nenhum manual eficiente e único, a fórmula da minha Mãe me serviu como uma luva... calada, quase como uma criança magoada, ela engoliu o choro, ela engoliu os sonhos, ela engoliu as mágoas e fez de nós, seus filhos, pessoas do bem... cada um à sua maneira, cada um com sua personalidade... e ainda mais, estendeu essa herança para os nossos filhos, que tiveram o privilégio do convívio com ela e mesmo os que não puderam senti-la tão de perto, sabem e hão de receber essa herança através de nossos ensinamentos... Falo como irmã, que tive 3 outras mães-irmãs, que de certa forma me serviu sempre de exemplo, de aprendizado para que eu errasse e corrigisse meus erros através do seus olhos, que me mostraram que o caminho podia ser escolhido entre ser árduo ou fácil, trabalhoso ou mais ameno, conforme cada situação... aprendi muito com vocês e aprendo ainda, admirando demais cada uma de minhas irmãs... personalidades diferentes e que buscam a mesma coisa, uma base sólida e um futuro de sucesso para os filhos, sempre com saúde, honestidade e determinação... estamos no caminho certo... Falo como Mãe, que recebeu as duras palavras de um pai de que somente depois que eu me tornasse mãe é que eu realmente conseguiria entender o que uma Mãe é e sente com relação aos filhos...Hoje eu sei... hoje eu sinto.... hoje eu vivo tudo isso! Aprendi, meu pai e minha mãe... aprendi aquilo que tento passar pras meninas e que apesar de parecer em vão, tenho certeza de que um dia, assim como eu, elas irão entender o que hoje elas talvez achem chato demais me ouvir dizendo... Ser Mãe é assim, uma rotina diária, cheia de surpresas boas, medos, expectativas vencidas, retrospectivas analisadas, momentos cotidianos que fortalecem a família e traz a certeza de que embora não haja explicação suficiente, basta apenas uma troca de olhar, um cuidado, um diálogo, uma brincadeira para que tudo no final fique bem... e assim, tal como quando as carreguei no meu ventre, e as amei com uma intensidade fora do normal, eu as carrego comigo, me preocupando em como melhor educar, como melhor agir, como melhor falar e até como melhor punir para que elas aprendam que tudo, absolutamente tudo o que faço é por amá-las incondicionalmente, tal como hoje, amadurecida e mãe, entendo que minha Mãe fez por mim... e no qual sou tão grata que nem com sua ausência sinto tristeza... apenas saudade... Ser mãe dessas meninas, me torna especial, me torna essencial, me torna tudo o que espero que elas entendam: me torna Mãe-amiga, Mãe-irmã, Mãe-avó, Mãe-mentora, Mãe-espelho... mãe, assim, simplesmente... FELIZ DIA DAS MÃES!!!

sábado, 31 de março de 2012

ELEGIA DO AMIGO MORTO (LYA LUFT)

Quando as palavras nos chegam de forma esclarecedora e doce para nos confortar em algum momento de nossas vidas...
“Foram-se os bons, os ternos, os belos, mas eu não me conformo”, foi o que, citando livremente, lembro-me que disse uma poeta americana, Sarah Teasdale. Alguém que amamos, ou conhecíamos, deixou de existir. Não ouviremos seu passo no corredor, sua voz ao telefone, não teremos longas conversas, não nos reuniremos em grupo de amigos, não contaremos façanhas ou fofocas ou queixas, não trocaremos e-mails. O endereço eletrônico inútil ainda nos espreita no computador, o que fazer? Deletar como se a gente deletasse uma vida? Esta coluna é uma homenagem, não só a um velho amigo que se foi recentemente, como a todas as pessoas queridas que perdi. Homenagens não trazem ninguém de volta, mas talvez ajudem a nós, os que ficamos, a curtir mais, e melhor, o que temos por perto, em lampejos de silêncio e contemplação (ato heróico na correria destes tempos loucos e fascinantes, mas a gente consegue). A morte, intrusa e indesejada, não pede licença: sem bater, escancara num repelão porta ou janela, entra num salto, com suas vestes cheirando a mofo e seus olhos de gato no escuro. Às vezes pega quem mais amamos. E aí, não tem remédio, não tem descanso, não tem nada senão a dor – apesar da nossa natural dificuldade de lidar com ela, a dor é necessária nesses primeiros tempos. É preciso chegar ao fundo desse poço escuro para poder sair dele, ou ao menos ter a cabeça à tona d água. Presenças bondosas, conforto de alguma palavra amiga, saber que os outros estão aí, que ajudam também nas coisas práticas, nos fazem sobreviver. Mas não queiram que a gente não sofra, mesmo nesta cultura nossa do barulho e da agitação, em que no segundo dia já querem que a gente passe o batom e saia às compras. Não por maldade, mas por essa aflição que nos ataca diante do sofrimento alheio, em parte porque ele é uma ameaça à nossa vidinha bem-posta: seremos os próximos? Homenageio aqui a todos os que se foram – embora eu acredite que permaneçam, não importa como, em forma de alma, energia ou memória, o que já seria muito bom: de memórias positivas, que nos iluminem, nos emocionem ou nos façam sorrir, estamos precisados. E homenageio aqui, também, a todos nós que ficamos com a singular tarefa de preservar, no coração e no pensamento, esses que aparentemente perdemos, e de aos poucos retomar a vida – como os mortos gostariam que a gente fizesse. Pois igualmente acredito, com firmeza, que é melhor deixar que os mortos morram (quem viveu isso entende). No começo do luto “tudo é horrível”, dizia uma velha amiga, que havia muitos anos tinha perdido um filho, “mas com o tempo dói menos”. E afinal a vida chama, ainda que no início isso nos pareça um insulto. Pois honrando a vida também estamos honrando os nossos mortos, que, na nossa lembrança não mais crispada, na nossa melancolia não mais indignada, na integração de seus atos e palavras em nós, no que temos de melhor, continuarão vivos. Em última análise, apesar de todo dilaceramento, solidão e lágrimas, a morte (que não é fim, mas transformação), estranhamente, loucamente, tem um poderio limitado: seu dedo cruel e ossudo não consegue encontrar a tecla com que deletar nossos melhores afetos.

quinta-feira, 22 de março de 2012

Saudade batendo forte...

Notícias do lado de cá... estamos caminhando, e tenho certeza de que sempre estaremos caminhando com sua proteção e benção... estamos indo, traçando nossa história, construindo o futuro das crianças, cuidando, educando, respeitando e amando muito uns aos outros... seguimos... a vida deve seguir seu curso... Ontem chamei muito por você, mãezinha... meu coração pedia por um toque, por ver aquele sorriso descontraído e querido que tanto nos alegrava... sentir sua presença, seu jeito de cuidar, seu cuidado em nos agradar, ouvir sua voz, contar como está sendo meu dia... pensei tanto que sonhei... no meu sonho, seu sorriso de sempre, sua alegria de sempre e acordei em prantos... de saudades... acho que é assim, a saudade fica sempre batendo à nossa porta, às vezes com mais intensidade, como ontem...
Saudade de Mãe Pe. Fábio de Melo Coloquei o filtro da arte naquela cena comum, e a luz - que até então estava escondida -, veio surpreender-me com seu poder de claridade. A mulher simples, mãos calejadas de lida rotineira, mulher que aprendeu a curar as dores do mundo a partir de meus joelhos esfolados de quedas e estrepolias. Aquela mulher, minha mãe, rosto iluminado pela labareda que tinha origem no fogão de lenha. Trazia consigo o dom de me devolver a calma, que a vida tantas vezes insistiu em me roubar. Aquela cena: mulher, fogão de lenha, panela preta escondendo a brancura de um arroz feito na hora. É uma das cenas mais preciosas que meu coração não soube esquecer. Saudade de mãe é coisa sem jeito, chega quando menos imaginamos: um cheiro, uma melodia, uma palavra... uma imagem, e eis que o cordão do tempo, nos convida ao retorno da infância. Como se um fio nos costurasse de novo ao colo da mulher que primeiro nos segurou na vida e agora nos pudesse regenerar. Saudade de mãe é ponte que nos favorece um retorno a nós mesmos; travessia que borda uma identidade muitas vezes esquecida, perdida na pressa que nos leva. Saudade de mãe é devolução, é ato que restitui o que se parte; é luz que sinaliza o local do porto, é voz no ouvido a nos acalmar nas madrugadas de desespero e solidão, através de uma frase simples: Dorme meu filho! Dorme! Hoje, nesse dia em que a vida me fez criança de novo, neste instante em que esta cena feliz tomou conta de mim, uma única palavra eu quero dizer: Oh minha mãe, que saudade eu sinto de você!