Doença do século, doença da modernidade... seja lá o que ela representa para a maioria, posso dizer o que ela representa para minha pessoa... ela é o núcleo de um problema que foge das nossas mãos... e que nos deixa impotentes e ao mesmo tempo nos remete a dar valor com mais detalhes aos que estão a nossa volta, a dar maior valor as nossas crenças e esperanças...
Tenho pensado em como agir, no que pensar, em como ajudar... sou parte do problema e me sinto incapaz de agir... talvez, isso se dê ao fato de estar longe, fisicamente da minha mãe...
Ontem foi especialmente difícil falar com ela... tenho acompanhado de longe toda a evolução dessa doença e acho que fujo um pouco das notícias ruins que tem vindo de lá, não por indiferença, pelo contrário, é por conta do medo e da incapacidade de fazer algo por ela... mas ontem, não tive como escapar de ouvi-la... Mãe, ouvir você dizer que talvez não haja mais o que fazer e que a espera não lhe serve como consolo, ouvir você tentar se despedir de mim, como se não tivéssemos mais um reencontro me deixou muito triste e com uma sensação de mãos atadas ainda maior... eu não soube o que dizer, e as palavras que não vinham se transformaram em um choro incontido de quem não sabe o que fazer... chorei copiosamente, sem pensar muito, sem saber o que pensar... o dia escureceu e continuei com esse choro incontrolável por toda noite... sonhei muito, não me recordo direito do sonho, mas era você que estava nele, minha mãe...descobri que não há consolo que possa diminuir a dor que tenho sentido... mas o apoio e o amor é fundamental para tornar essa dor um pouco mais amena... tantas vezes coloquei em minhas orações que Deus agisse conforme Sua vontade e que o nosso desejo sempre foi que a senhora não sofresse... me senti forte nesses meses todos e sinto uma paz e uma serenidade que não consigo explicar... mas ontem, essa paz e serenidade se tornaram lágrimas e no choro que verteu, percebi que somos tão pobres de atos em momentos de angústia que isso talvez tenha me deixado mais triste... não saber o que dizer me doeu profundamente... não há arrependimentos, não há pendências a resolver entre nós... tenho sim, muita gratidão, muita cumplicidade e solidariedade por sua vida... mas não veio palavras para expressar isso... sinto muito, mãe... ao nos despedir, apenas disse que te amo!... e talvez, como consolo pra mim, talvez eu tenha dito apenas o que precisava dizer, assim, em poucas palavras, sem maiores explicações: - Te amo, muito, mãe!...
E como sempre tenho feito, rezo para que Deus tome conta da senhora e que haja tempo para mais um reencontro feliz...
Beijo do fundo do meu coração...
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